Infância da Carolina

A Carolina nasceu a 19 de Dezembro de 1966, no hospital da Tocha, Figueira da Foz, ás 21h00 sensivelmente, mas registada na freguesia da Sabacheira em Tomar, do signo sagitário, sua Mãe Isabel, de Tomar e seu pai Victor, de Castro Daire, conheceram-se no hospital aonde a filha deles nasceu, pois estavam internados, o pai nunca soube o verdadeiro motivo porque estava internado, sua Mãe descobriu anos mais tarde que era pela doença de Hansen, antiga doença da lepra que nas décadas de 1940 a 1960, era um flagelo em Portugal, doença esta que Gerhard Hansen, médico norueguês, descobriu o micróbio que provocava tal doença, a sua forma de transmissão não era conhecida, e sendo tratada a tempo e horas muitas pessoas se salvavam, e embora havendo vários tipos de lepra a lepra tuberculóide não era contagiosa, e esta doença provocava erupções cutâneas, febre e inflamação da pele, a lepra ataca ainda hoje mais de 11 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo as Estatísticas da Organização Mundial da Saúde no ano de 2007, nos países desenvolvidos já quase não existe e em Portugal, havia este hospital que tratava desses doentes.
Carolina nunca soube ao certo o verdadeiro significado da doença, pois a Mãe, fazia questão de não falar nesse tema, parecia ser " Tabu ", que ela com os anos veio a mentalizar-se de que nunca iria saber tal segredo. E quando seus pais casaram a 19 de Setembro de 1964, e sendo o seu pai de Castro Daire foram para lá viver, e trabalhavam da agricultura, do trabalho que a terra dava, e assim iam vivendo, e de alguns biscates que o seu pai fazia como carpinteiro, profissão que aprendeu com o seu Pai, avó de Carolina e posteriormente, aperfeiçoo-ou no hospital, e sua Mãe que tinha aprendido a profissão de Costureira, também trabalha para ganhar algum dinheiro.
Entretanto sua Mãe, começou a ver que não era vida, continuarem a estar na terra e não terem rendimentos para sobreviverem, e desencaminhou o seu marido Victor, para virem para Lisboa, á procura de uma vida melhor, sendo que teriam melhores condições de vida, quer para eles quer para o filho, ou filha que vinha a caminho, e lá trataram das coisas para emigrarem para Lisboa, aonde ficaram numa pequena casa sem grandes condições, mas que dava para desenrascar, e começaram a trabalhar a dias na antiga fábrica do Sabão,em Marvila uma freguesia de Lisboa, que os acolheu, até ao nascimento da sua Filha. Isabel quis ter a sua Filha no hospital aonde esteve internada durante dez anos, pois em Lisboa não conhecia ninguém, e lá sempre tinha o amparo dos médicos que conheceu durante a sua permanência lá, se algo corresse mal, no nascimento da criança. O que realmente aconteceu, pois Isabel não fazia a dilatação e a sua filha já teimava em quer nascer á dois dias, mas como a medicina não estava tão evoluída como actualmente, fizeram com que Isabel estivesse até á última para ver se ajudava o seu rebento nascer, acabou por não acontecer e tiveram que provocar a cesariana, pois seria o último recurso para salvar mãe e filha.
Depois de muito esforço e sofrimento a Carolina nasceu, nasceu e teve que ir logo de seguida para a incubadora e levar uma injecção se não não sobrevivia, pois nasceu completamente roxa, e cansada de tanto sacrifício que fez para nascer, derivado ao imenso esforço, isto contado pela sua própria mãe, e como a vida continuava e Isabel precisava de trabalhar, regressou a Lisboa, mas desta feita sem a filha sem o seu rebento, alegou ela anos e anos mais tarde e por pressão da própria Filha, pois queria saber o verdadeiro motivo porque tinha ficando na creche daquele hospital onde não conhecia ninguém, nem tinha o carinho e o Amor de sua Mãe, que nunca se convenceu de a ter deixado no hospital. Isabel alegou que não tinha condições, económicas nem habitacionais, para ter a filha em Lisboa, perto de si, Carolina sentia e sente ainda hoje um vazio enorme dentro de si por não ter o colo de sua Mãe, embora ela a fosse ver de quinze em quinze dias, durante dois anos, que esteve lá.
Anos mais que suficientes no crescimento de uma criança para ganhar uma certa revolta dentro de si, porque ainda hoje se pergunta a si própria porquê, não teve, nem tem, ainda hoje o Amor e o Carinho da sua própria Mãe.
Os anos foram passando e Carolina não tem grande memória desses três anos que veio para Lisboa, a seguir ter estado na creche do hospital aonde nasceu.
Sabe que esteve numa ama até ir para a escola, e essa ama tinha outras crianças com que a Carolina viveu e conviveu, até ir para a escola com os seis anos de idade, pois á quarenta anos não havia as creches e infantários de que há agora, lembrasse de começar a escola primária, da sua professora Júlia que a acompanhou até á quarta Classe, e da D.ª Lucinda empregada auxiliar, da escola da Junta de Freguesia de Marvila, pois era assim que se chamava escola.
Carolina era uma criança, que apesar de tudo era muito expansiva muito alegre, divertida, por vezes revoltada, deveria sentir aquele vazio que sempre a acompanhou, na escola a professora Júlia dizia que apesar de distraída, Carolina aprendia muito rapidamente as coisas, e Carolina orgulhava-se de fazer os ditados sem um único erro.
Um belo dia e já na 4.ª classe Carolina que todos os dia quando ia para o refeitório almoçar, via os miúdos descerem por um corrimão que havia na escola desde o 2.º Andar até ao rés do Chão, e não era em caracol, mas sim todo direito, pensava para com ela, que um dia também deveria experimentar esse mesmo corrimão, o que não tardou muito, passado dois ou três dias, foi experimentar, só que ao colocar uma perna para cada lado, colocou as duas para o lado de fora do corrimão e pura e simplesmente estatelou-se ao comprido no chão. E claro está como é bom de prever, além de ter feito vários hematomas na cabeça ficou completamente, com a sua coluna toda torcida.
Já no hospital e a receber os curativos, e que os médicos disseram á sua Mãe que apesar dos hematomas na cabeça não tinha mais nada partido, a sua Mãe responsabilizou-se levando-a para casa, aonde foi com a Carolina a uma senhora, que se dizia na altura ser endireita, e que com azeite quente e uns esticões colocou a sua coluna no local, e assim Carolina permaneceu em casa durante quinzes dias para se recuperar.
Mas não desistiu de quando regressou á escola já bem de saúde, não descansou enquanto não experimentou o corrimão, pois queria saber que sensação dava, o que ela não sabia era que a sua Mãe tinha pedido á auxiliar da escola para a vigiar e assim que ela fizesse asneiras, tinha toda a ordem para lhe bater, Carolina deslizou suavemente e com cautela pelo corrimão abaixo, e quando chegou cá abaixou, e sem se aperceber que estava a ser observada, quase que subiu, com tamanha reguada que levou no seu rabo, pela D.ª Lucinda.
Mas uma coisa foi certa Carolina não desistiu do que queria fazer, e mais dias se seguiram até o ano escolar acabar, e foram muitas mais vezes que deslizou pelo corrimão, mas sem que a D.ª Lucinda se apercebesse, ela fazia-o porque gostava e sentia-se feliz.
Uma outra situação que marcou a Carolina foi o dia da sua primeira comunhão, pois envergava um vestido branco que a sua Mãe lhe tinha feito, e ela quase se sentiu como um anjo, vestida de branco sinal de pureza, e mo meio das outras crianças que no mesmo dia fizeram a sua primeira comunhão, ela sentiu-se realmente muito feliz, pois seria uma das suas primeiras realizações da sua vida.....

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